Qual é a Visão da Astronomia Sobre a Estrela do Natal? - Ciência | Intérprete Nefita

Qual é a Visão da Astronomia Sobre a Estrela do Natal?

Comparando a astronomia moderna com a história bíblica, somos capazes de obter uma nova e incrível explicação a respeito desse relato.


Por Lukas Montenegro 08 de Dezembro de 2018
Qual é a Visão da Astronomia Sobre a Estrela do Natal?

“E tendo nascido Jesus em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém,

Dizendo: Onde está aquele que é nascido Rei dos Judeus? Porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos adorá-lo”. (Mateus 1:1-2).

          A estrela que surgiu no céu com o nascimento de Cristo, é uma das mais belas e famosas histórias de Natal. Ela simboliza a majestade e a importância do recém-nascido. Também representa a luz que Cristo traria para um mundo em trevas. É um exemplo do poder dos profetas em prever o futuro, de acordo com a vontade do senhor.

          Apesar de alguns historiadores modernos considerarem o relato da estrela como mera ficção, os membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias têm uma evidência adicional da veracidade desse evento. Um profeta chamado Samuel, aqui nas Américas, também recebeu do Senhor uma confirmação de que uma nova estrela apareceria no céu. Sua profecia foi registrada no Livro de Mórmon, como segue:

“E eis que isto vos darei por sinal, na ocasião de sua vinda: (...)

E eis que uma nova estrela aparecerá, uma que nunca vistes antes; e isto também vos será por sinal”. (Helamã 14:3, 5)

          Mas não tão simples quanto determinar a veracidade de seu surgimento, é determinar o que esse corpo celeste realmente era. À primeira vista essa afirmação pode parecer contraditória, já que a própria escritura deixa claro que era uma estrela. Algumas observações, contudo, mudarão essa convicção rapidamente. 

 

1. Estrelas são muito, muito velhas;

          A primeira experiência com a pesquisa científica” que tive, foi quando um professor de quem era muito próximo, me convidou para ser seu assistente de pesquisa. Ele era um astrofísico, e sua área de estudo era a de sistemas estelares e evolução das estrelas. Durante aquele um ano que trabalhamos juntos, aprendi muito sobre elas, seu funcionamento, como nascem, vivem e morrem.

          Esse conhecimento que adquiri, não por ter ouvido falar, mas por ver na prática, deixa um fato mais claro do que qualquer outro: estrelas são velhas. Muito velhas! Hoje acredita-se que as estrelas mais jovens de nosso céu noturno tenham cerca de 100 milhões de anos de idade[1]. Estima-se que nosso sol já queima há 5 bilhões de anos. Assim sendo, não houve nada de essencialmente novo com as estrelas, na época que Cristo nasceu. E não tem havido, desde muito tempo atrás. Isso significa que o que apareceu em Belém poderia ser qualquer coisa, menos o nascimento de uma nova estrela.

 

2. O Conceito de “Estrela”, para os povos antigos.

         Para entender porque os profetas tanto anteviram quanto registraram[2] o surgimento daquele corpo celeste como “uma estrela”, é necessário entender a visão de astronomia dos antigos. Naquela época, tudo o que havia nos céus além do sol e da lua, eram estrelas. É verdade que aproximadamente seis séculos antes de Cristo, foi descoberto que alguns daqueles pontos de luz se moviam, e por isso foram diferenciados e chamados planetas[3]. É pouco provável, contudo, que a arcaica ciência judaica tivesse ciência disso.

          Além do mais, mesmo que os Nefitas conhecessem mais do que seus primos judeus sobre Astronomia[4], é difícil supor que registrariam de maneira diferente para considerar um possível evento astronômico envolvendo planetas. Havia sido profetizado uma estrela. E para todos os efeitos, parecia uma estrela. Outros possíveis candidatos que serão considerados abaixo, não tiveram definições bem conhecidas até bem recentemente, como os cometas ou as supernovas. Assim sendo, o termo “surgimento de uma “nova estrela”, permaneceu.

            Uma visão mais ampla, contudo, é que a tradução original da palavra “magos”, do Grego, não implicava algo vago como “homens sábios”, mas algo mais específico como “astrólogos”[5]. Certamente a astrologia daquele tempo não era somente a farsa dos dias atuais; ela incluía o estudo sério dos corpos celestes e da astronomia. Logo, aqueles homens eram astrólogos no sentido de compreenderem “astra” = o que está entre/com as estrelas, ou seja, os corpos celestes. E esse torna-se o contexto correto da passagem: os astrólogos/magos seguiram um “astra” para encontrar Jesus.       

          Finalmente: se não era uma estrela, o que poderia ser?

 

 A. Uma convergência de planetas;

           Umas das promissoras hipóteses é que a estrela de Belém fosse na verdade a convergência (alinhamento) de planetas. Isso significa que, durante certo tempo, dois ou mais planetas ocupam a “mesma posição” no céu noturno, aumentando a intensidade luminosa daquele ponto.

          Um número considerável de alinhamentos ocorreu próximo ao nascimento de Cristo (hoje em dia a ideia mais aceita é que Ele nasceu por volta de 4 A.C.). O mais notável desses alinhamentos ocorreu entre 3-2 A.C., e envolveu a estrela Regulus, Júpiter e Vênus, tendo sido extremamente brilhante[6]. O problema é que esses eventos provavelmente ocorreram muito a ocidente para que os magos pudessem nota-los.

 

B. Uma Supernova;

           Quando estrelas muito grandes morrem, elas explodem de maneira colossal, e esse evento é chamado de supernovas[7]. Essas explosões podem ser tão grandes que uma única supernova é capaz de brilhar mais intensamente do que uma galáxia inteira. No céu noturno, elas são geralmente muito brilhantes, se não estiverem tão distantes. A explosão de uma supernova na vizinha galáxia de Andrômeda poderia ser a “estrela” que brilhou no nascimento de Cristo. Contudo, não temos documentação de supernovas daquela época, ou fatos suficientes para considera-la como uma excelente candidata.

 

C. A hipótese mais provável;

          Além das candidatas mais promissoras já citadas, existem outras diversas explicando a estrela de Belém, como a ocultação de planetas pela lua, o surgimento de constelações no céu, etc. Analisando os fatos, porém, uma hipótese se destaca como a mais provável de todas: Um cometa.

          Os cometas sempre foram considerados historicamente, pela maioria das civilizações, como mensageiros de Deus. Ao contrário da crença comum de que as “mensagens” trazidas pelos cometas eram somente de destruição, muitos interpretavam o surgimento de um cometa como um bom presságio e um sinal de uma nova era[8].  Um cometa seria um excelente candidato, porque:

  • Aparecem no céu somente em dados momentos, desaparecendo depois de algumas semanas;
  • Movem-se na abóboda celeste, podendo indicar “direções”.
  • Geralmente são incrivelmente brilhantes;

          Considerando que o famoso cometa Halley foi sinal de muitos eventos históricos principalmente para as nações europeias, tentou-se aponta-lo como candidato à estrela de Belém. Ele, contudo, passou pela terra consideravelmente antes do nascimento do Salvador (cerca de 12 A.C.).

          Minha teoria é que se tratasse de um cometa aperiódico. Esse tipo de cometa não passa com regularidade pela terra, como o Halley. Ele poderia facilmente ter surgido no Leste, guiado os magos numa trajetória Leste-Oeste, unindo-se ao sol na região do céu próxima a Judeia. Esse seria um evento único, um “presente celestial” ao nascimento de Seu Rei, e que nunca mais foi avistado. Um cometa dessa natureza e de trajetória completa não registrada, foi documentado pelos Chineses em cerca de 5 A.C.[9], consideravelmente perto do nascimento do Messias.

 

Conclusão

         A Estrela de Belém foi sem dúvida um dos mais gloriosos sinais do nascimento de Jesus Cristo. Quando comparamos o relato com a ciência da astronomia vemos, contudo, que apesar da essência da história ser a mesma, aquele objeto celestial não poderia ser de fato uma estrela.

          Estrelas são muito velhas, e as últimas a nascerem em nosso céu noturno apareceram há milhões de anos atrás. As possíveis hipóteses para o que seria a estrela de Belém, são muitas, e algumas mais promissoras que foram descritas em mais detalhes. A mais provável delas, contudo, é que se tratasse de um cometa aperiódico, cujas características fariam desde astro, um inigualável presente de aniversário para o nosso Salvador.

           Ao falar de corpos celestiais, e sua relação com a época de Natal que se aproxima, as palavras do Presidente Henry B. Eyring a respeito da luz, não só física, mas espiritual, que banhou o mundo na ocasião do nascimento do Mestre, se fazem importantes:

“Um dos mais belos símbolos do nascimento de Jesus Cristo neste mundo é a luz. O aparecimento do Messias prometido por tanto tempo trouxe luz a um mundo que estava em trevas”. [10]

          Mais do que compreender a natureza física daquele objeto celeste, que possamos seguir seu exemplo, irradiando a luz que vem do Salvador! Essa luz fortalecerá nosso espírito, e principalmente, aumentará nosso amor pelo próximo e desejo de servi-lo. Assim fazendo, daremos a Ele a maior dos presentes de aniversário.

 

Feliz Natal!

 

 

 

 

Referências

1. Essas são as estrelas chamadas “sete gêmeas”, ou Plêiades, consideradas “estrelas bebê”. Estima-se que são tão “jovens”, em comparação com outras estrelas do céu, que os primeiros dinossauros nunca as viram, porque não existiam ainda. (DIEGO, F., “Seven Ages of starlight – Age 1: Birth”, 2012);

2. Números 24:17; Helamã 14:3,5; Mateus 2:1-2; 3Néfi 1:20-21;

3. “Planeta” deriva do grego “planetes”, que significa “viajante”, uma referência a seu movimento;

4. Para alguns paralelos sobre a ciência judaica e Nefita, recomendamos a seção “3. Algumas considerações e um Resumo Final”, do artigo “A Ciência, as Escrituras e a Interpretação do Desconhecido”, publicado aqui no Intérprete: http://www.interpretenefita.com/artigo/a-ciencia-as-escrituras-e-a-interpretacao-do-desconhecido/100/

5. BROWN, E. R., “An Adult Christ at Christmas: Essays on the Three Biblical Christmas Stories”, Liturgical Press (1988), p. 11.

6. FREDERICK, L., "A coronation Description of Jupiter as king planet”,  Retrieved December 22, 2015;

7. Uma melhor explicação sobre Supernovas e o que são pode ser encontra em: “Seven Ages of starlight – Age 5: Supernovae”, 2012);

8. Na cultura Romana, eles simbolizavam o nascimento de grandes Reis. Constantino foi “alertado” por um cometa sobre quando deveria lutar a batalha decisiva que lhe daria o controle de Roma, e lhe faria imperador. Jen Jiskan interpretou a passagem de um cometa como uma aprovação divina de suas intenções de dominar a Europa. E o sinal do surgimento da Monarquia Britânica Moderna veio com o Cometa Halley, em 1066.

9. KIDGER, M., "Chinese and Babylonian Observations". Retrieved 2008-06-05.

10. Henry B. Eyring: “As Dádivas do Natal”, Devocionaisl de Natal da Primeira Presidência https://www.lds.org/broadcasts/article/christmas-devotional/2011/12/the-gifts-of-christmas?lang=por, acesso em 08 de Dezembro de 2018.



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