Eternidade: O Propósito Ignorado em Troca de Uma Justificativa Romântica - Doutrinas do Evangelho | Intérprete Nefita

Eternidade: O Propósito Ignorado em Troca de Uma Justificativa Romântica

Um estudo sobre a Eternidade, seu propósito e como a romantização do tema por parte da mente humana ofusca uma compreensão ampla dos motivos da existência eterna da matéria física e espiritual


Por Thiago Quirino 27 de Janeiro de 2025
Eternidade: O Propósito Ignorado em Troca de Uma Justificativa Romântica


Sempre que decido estudar o tópico “Eternidade” me deparo com muito romantismo. Parece que estamos fadados a entender a eternidade como um período de descanso, uma espécie de férias prolongadas como recompensa a uma vida terrena intercalada de períodos de dores e sofrimentos, alegrias e fidelidades e situações que nunca chegaremos a um entendimento claro de seu propósito. Esse cenário de uma vida imortal em um grande jardim, acordar em uma manhã de sol, esticar o braço para fora da janela e colher uma fruta suculenta, ou brincar com um tigre como se fosse um gatinho, acho que mais nos afasta da realidade da eternidade do que nos ajuda a compreendê-la.

Pois bem, me coloco no desafio de, em um grande resumo lógico, explicar uma interpretação pessoal do que é a eternidade e seu propósito. Para isso, vou utilizar alguns elementos das religiões, da filosofia, da física e da lógica (leia-se: minha interpretação pessoal e racional da junção de tudo o que estudei e que para mim faz sentido, mas que não necessariamente representa a plena realidade, afinal, definir algo que sequer temos capacidade limitada de compreender seria tarefa um tanto desafiadora).

Antes de seguir, vale mais uma observação: como membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, trarei alguns elementos da chamada teologia mórmon para sustentar parte do meu argumento, mas quero deixar claro que não me limitarei a isso. Trarei elementos de outras vertentes religiosas com o intuito de comparar as diferentes interpretações, ponto importante que sustenta meu argumento final de que a eternidade tem um propósito natural muito claro e maior do que os dogmas religiosos costumam atribuir a ela.

O niilismo de Borges

E não é possível falar sobre a Eternidade sem evocar um dos textos de Borges. Se você já ouviu falar de escritores como Gabriel García Márquez, Mario Vargas Llosa e Haruki Murakami, saiba que cada um deles alcançou o panteão da literatura mundial por influência do escritor, poeta e filósofo argentino Jorge Luis Borges (1899-1986). Nascido em Buenos Aires, Borges é conhecido por sua obra literária inovadora e profunda, que explora temas como tempo, realidade, identidade e a natureza da existência. Borges é considerado um dos principais expoentes da literatura latino-americana do século XX.

Assim, não teria como eu abordar o tema proposto sem dar uma pincelada em um dos textos que mais gosto de Borges, onde ele apresenta uma visão sobre a imortalidade que ajuda a pavimentar a ideia que eu gostaria de introduzir. No conto O Imortal[1]Borges nos conduz por uma jornada que questiona os limites do desejo humano pela eternidade e suas implicações. O conto começa com Marco Flamínio Rufo, um legionário romano estacionado em Tebas, Egito. Em uma madrugada insone, o líder militar se depara com um cavaleiro ferido, à beira da morte. O estranho lhe pergunta o nome do rio mais próximo e se este é o lendário rio cujas águas concedem a imortalidade.


Nosso legionário diz ser o Nilo, mas que o rio não possui tais propriedades mágicas. O cavaleiro insiste que o rio lendário fica além da Mauritânia, no limite do mundo conhecido, rumo ao oeste. Apenas para que você leitor se localize, o Egito fica na esquina leste da África, enquanto a Mauritânia fica próxima ao litoral oeste, ou seja, entre os dois países se localizam os territórios da Líbia, Argélia e Mali, sem falar do deserto do Saara, o que traçando uma linha reta, compreende mais de 4 mil km de separação.

Infelizmente, antes de amanhecer, o homem não resiste aos seus ferimentos, deixando em Rufo uma inquietação que o levará a uma odisseia transformadora. Nosso legionário decide completar a busca interrompida do cavaleiro, atravessando o Saara em uma jornada marcada por fome, sede e violência.


Depois de uma longa jornada, o herói chega a um córrego, de fundo arenoso, localizado ao lado de uma cidade aparentemente abandonada. Ele bebe de suas águas e descobre que finalmente havia chegado a seu destino. Porém algo ali não fazia sentido. A cidadela era habitada por seres miseráveis, encardidos e selvagens, que mal conseguiam se comunicar. Eles sobreviviam comendo carne de cobra e vagavam como sombras de uma humanidade perdida.

Ao explorar o local, ele vê ruínas do que outrora já foi um grande palácio luxuoso. Mas agora, tudo é decaído, sujo, cinza e abandonado. Por muito tempo ele é seguido por um dos selvagens, com quem tenta fazer amizade. Como a comunicação é difícil e como a aparência do sujeito é encardida, ele decide chamar seu novo companheiro de Argos, o nome do cão de Ulisses na "Odisseia" de Homero.

Certo dia, após uma chuva, Argos surpreende Rufo ao chorar de emoção e murmurar: "Argos, cão de Ulisses". Rufo, chocado, percebe que este ser aparentemente primitivo conhece algo do mundo civilizado. Ao questionar o que mais o mendigo sabia sobre a Odisseia, ele responde: "Muito pouco. Já terão passado mil e cem anos desde que eu a escrevi".

Eis o grande plot twist! O legendário estava diante de ninguém menos que próprio Homero, o grande poeta da antiguidade, que igualmente como Rufo e muitos outros, havia bebido goles generosos da água do riacho e alcançado a imortalidade, apenas para descobrir a terrível monotonia que vida eterna produz.


O que mais gosto desse conto é que ele nos apresenta uma visão crua e niilista da eternidade. Para os imortais, o tempo se torna infinito, e nada mais possui valor ou significado. Toda experiência se torna banal, pois a repetição infinita esvazia os eventos de sua singularidade. Borges nos alerta que a extensão indefinida da existência pode vir acompanhada de uma diluição do propósito e do significado da vida em si. E esse é o ponto principal do que quero defender aqui.

Rufo traz um pensamento importante para a discussão. Ele diz: “Em Roma, conversei com filósofos que sentiram que prolongar a vida do homem era prolongar sua agonia e multiplicar o número de suas mortes”.


É assim que Borges enxergava a eternidade. Toda criatura é imortal porque ignora a morte. O homem, portanto, seria o único ser mortal por justamente temer o fim da vida terrena como a conhecemos, logo, ser eterno é ser insignificante pois perde-se a paixão pela existência, esquece-se o seu propósito quanto ser. Em resumo, para o escritor argentino, uma vez alcançado o status de imortal, o homem vai experimentar todas as atividades possíveis até que ele se cansará e sua vida perderá o propósito. Nesse cenário, o desejo principal do imortal é encontrar a própria morte, pois somente assim encontrará descanso para sua alma.


Agora, vamos atentar para um detalhe dessa história. Borges escreve: “Ninguém é alguém, um só homem imortal é todos os homens". Ele quer dizer que uma vez que sua vida é finita, o indivíduo se esforça para dar sentido à essa curta existência. Quando se alcança a imortalidade, podemos ser tudo. E isso é muito fácil de compreender quando olhamos de um ângulo estatístico: uma pessoa que passe a eternidade digitando palavras aleatórias em um computador, em algum momento ela terá reescrito todos os versos da Odisseia, ou da Bíblia Sagrada, na mesmíssima ordem que conhecemos hoje, apenas na aleatoriedade. Nesse sentido, um ser imortal pode viver e reviver qualquer vida que desejar, até se cansar disso, pois terá vivido a vida de todos. O imortal é todos os homens.

Por que estou falando tudo isso? O conto de Borges é muito útil para compreender que o que defendemos como Eternidade, é um conceito raso demais para a grandiosidade desse evento. E para entender essa dimensão e seu propósito precisamos fazer um exercício de analisar conceitos religiosos e filosóficos sobre esse tema com um certo distanciamento. Vamos tentar?

A Eternidade religiosa

Primeiramente é importante entender como a religião encara a Eternidade. No aspecto religioso, a Eternidade é vista como um vínculo aos propósitos de Deus ou de um ser superior. Pelo menos as quatro maiores vertentes religiosas no mundo hoje (judaísmo, hinduísmo, islamismo e o cristianismo) tem crenças sólidas sobre o que é, como alcançar e o propósito da Eternidade.

No judaísmo, religião praticada oficialmente por 15 milhões de pessoas, a crença na eternidade está relacionada à natureza eterna de Deus, à imortalidade da alma e ao conceito de vida após a morte, embora as interpretações variem entre diferentes correntes e períodos históricos. Deus é considerado um ser eterno, sem começo nem fim e o Criador de tudo o que existe. Essa característica divina está expressa em textos como no livro de Deuteronômio, que afirma[2]: “O eterno Deus te seja por habitação, e por baixo estejam os braços eternos; e ele expulse o inimigo de diante de ti (...)”.

Nesta religião, a ideia de Eternidade também estaria ligada à alma humana, que é vista como uma extensão divina e imortal. Embora a Torá não detalhe amplamente a vida após a morte, textos posteriores, como os escritos rabínicos e os livros da literatura sapiencial, como o livro de Eclesiastes, mencionam que a alma retorna a Deus[3]. Essa crença sustenta a ideia de que a vida terrena é apenas uma parte da existência, com a alma continuando sua jornada após a morte. Crença semelhante a de outras vertentes religiosas, como vamos ver a seguir.

Além disso, o judaísmo desenvolveu ao longo do tempo a noção de Olam Ha-Ba[4], que é um estado de recompensa eterna para os justos. No Talmude[5], é dito que todos os israelitas têm uma parte nesse mundo futuro, embora as ações individuais influenciem seu destino final. Assim, a Eternidade no judaísmo está profundamente conectada à justiça divina, à aliança com Deus e ao cumprimento das mitzvot[6], que refletem a responsabilidade humana em relação ao divino e ao próximo. Assim, a Eternidade judaica é um elemento, uma parte do plano criacional de Deus.

O cristianismo, que considero uma vertente do judaímos, uma vez que Jesus era um rabino judeu, tem uma visão da Eternidade muito semelhante ao judaísmo. Há diferenças evidentes entre crenças religiosas cristãs, umas têm explicações mais lógicas ou esotéricas sobre a vida pré-terrena, vida mortal e vida pós-morte.


Como praticante da religião, eu posso dizer que a definição básica da crença dos membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias sobre o assunto pode ser encontrada em dois verbetes do Guia para Estudo das Escrituras[7]. Em Vida Eterna[8] e em Exaltação[9], a doutrina é resumida como “viver para sempre como famílias na presença de Deus, como o maior dom de Deus concedido ao homem”; ou como “o mais elevado estado de felicidade e glória dentro do reino celestial”.

De forma bem resumida, os Santos dos Últimos Dias crêem que um dia serão deuses. Caso vivam segundo os princípios que consideram corretos e obedeçam as obrigações assumidas com Deus por meio de convênios em seus templos sagrados, todo o membro da Igreja terá a oportunidade de ser “exaltado ao status de um deus casado (com o cônjuge terreno) e com filhos (reconhecidos pelo casamento também terreno)”. Nesse caso, seu propósito eterno seria assumir a função que Deus tem hoje, ou seja, criar outros filhos espirituais, criar mundos, implementar um plano de salvação onde esses novos filhos espirituais também progredirão e se tornarão deuses em um ciclo ad infinitum.

Talvez das crenças religiosas cristãs esta seja a mais ambiciosa, mas num geral, o cristianismo enxerga a eternidade como a recompensa final aos filhos de Deus que se mantiveram leais aos mandamentos; um período de descanso, de glória e de paz eterna.

Cerca de 15% da população global, ou mais de 1.2 bilhão de pessoas creem no hinduísmo, cuja visão da eternidade também é bem distinta, onde eternidade é compreendida por meio de conceitos filosóficos e espirituais que permeiam uma visão de existência, alma e realidade última. Os principais aspectos da crença hindu sobre a eternidade incluem:

●      A eternidade da alma - Atman[10], ou alma, é eterno e imutável. Ele não nasce, não morre e não é destruído. O Atman seria uma centelha divina que transcende o ciclo de nascimento e morte (samsara). Essa alma eterna é distinta do corpo físico e da mente. O cristianismo e o islamismo creem em princípios semelhantes, embora utilizem nomes diferentes.
●      O ciclo de nascimento e morte - Samsara[11], ou o ciclo interminável de nascimento, morte e renascimento. Esse ciclo seria governado pela lei do karma, que determina as condições de cada reencarnação com base nas ações passadas. Esse processo continua até que a alma alcance a liberação (moksha).
●      A libertação - Moksha[12] é a libertação do ciclo de samsara e a união da alma individual com a realidade suprema (Brahman). É um estado de eterna bem-aventurança e liberdade, onde a alma não está mais sujeita às limitações da existência material. Esse estado é considerado a verdadeira eternidade no hinduísmo.
●      Brahman como eterno - Brahman[13], a realidade suprema e universal, é eterno, infinito e imutável. Ele é a origem e o destino de tudo no universo. No hinduísmo, toda existência emana do Brahman e, ao mesmo tempo, é parte dele. A compreensão de Brahman como eterno é central nas escrituras filosóficas, como os Upanishads.
●      Tempo cíclico - Kalpa[14], diferentemente de muitas tradições que veem o tempo como linear, o hinduísmo o entende como cíclico. O universo passa por ciclos de criação, preservação e destruição, conhecidos como yugas e kalpas. Esses ciclos são vastos e infinitos, refletindo a natureza eterna da existência cósmica.

Em resumo, o hinduísmo vê a eternidade como um estado de existência verdadeira, alcançado por meio da liberação do ciclo de renascimentos e pela realização da unidade da alma individual com a realidade suprema. Essa visão une espiritualidade, filosofia e o entendimento da natureza da realidade, conceitos em partes similares com o cristianismo.
Agora, na maior religião do mundo na atualidade, o islamismo, que é praticado por quase 2 bilhões de pessoas, a Eternidade está diretamente ligada à crença na vida após a morte (Akhirah)[15], que é considerada o destino final de toda a humanidade. A vida terrena seria um período transitório, enquanto a verdadeira existência começa somente após a morte. No Dia do Juízo Final[16]  todos serão ressuscitados para serem julgados por suas ações. A recompensa para os justos é a entrada eterna no Paraíso (Jannah)[17], um lugar de paz e proximidade com Deus. Por outro lado, os pecadores e descrentes enfrentam a punição no Inferno (Jahannam)[18], que pode ser temporária ou permanente, dependendo da vontade divina.

No Islã, Allah seria a única entidade verdadeiramente eterna, sem começo nem fim[19]. Como Criador do tempo, ele transcenderia todas as limitações, sendo absoluto e incomparável. A relação da humanidade com a eternidade estaria condicionada à misericórdia e à justiça de Deus, que decide o destino eterno de cada alma. Essa visão é central no monoteísmo islâmico (Tawhid), que reconhece Allah como o Eterno e Absoluto.

Além disso, o conceito de Eternidade no além transcende o tempo humano, sendo ilimitado e imutável. Tanto no Paraíso quanto no Inferno islâmico, a experiência é descrita como eterna e definitiva. No Alcorão, Allah promete aos fiéis que, ao entrarem no Paraíso, estarão vivendo "o dia da eternidade"[20], reforçando a ideia de que a existência na vida após a morte é infinita. Assim, a Eternidade no islamismo não apenas reflete a imortalidade da alma, mas também sublinha a soberania de Allah sobre o destino final de todas as criaturas.

Apesar de conceitos filosóficos e narrativas distintas, podemos dizer que o judaísmo, o cristianismo, o hinduísmo e o islamismo colocam sua fé na mesma direção: uma força superior comanda um esquema que prepara o ser mortal e terreno para passar à próxima fase pós-morte em um novo cenário que, embora desconhecido de quem esteja "vivo” atualmente, faz parte do ciclo natural da existência eterna do ser, cuja realidade ultrapassa as limitações da vida terrena e já era inerente à vida desde antes da formação da vida na Terra.

Claro que cada vertente religiosa traz seus conceitos para justificar esta ou aquela prática e manter a membresia focada na observância de ritos que, por sua vez, mantém o propósito sempre no horizonte: recompensa, descanso, progresso, liberdade eterna no pós-morte.

Gosto como as religiões apresentam a Eternidade como algo inevitável e parte de um grande todo. Mas, por mais grandiosa que seja a crença (quem não gostaria de ser um deus e criar seu próprio universo?), há uma limitação clara de interpretação. Imagine hipoteticamente que, após aprender sobre tudo o que falamos até aqui, alguém lhe faça a seguinte pergunta: “Mas só isso?”, ou “Não há nada mais além disso? Estamos presos em um grande ciclo?”. Ora, para a religião, qualquer que seja a pergunta, a resposta é somente um grande Sim!.
Mas e se não for? Usando a filosofia podemos olhar a Eternidade por outro ângulo, o que permite um pouco mais de liberdade para ousar definir o que será de nós após esse período de vida na Terra.

Os filósofos se divertem

Algumas das cabeças mais conhecidas do mundo filosófico, claro, discorreram sobre o assunto e, ao contrário das religiões, miraram outros conceitos que dão à compreensão da Eternidade outros contornos.

A noção de Eternidade foi explorada por muitos filósofos, cada um com interpretações e perspectivas únicas. A escolha de "quem melhor discorre sobre a eternidade" depende do enfoque desejado. Separei alguns dos principais pensadores que dedicaram parte de sua obra para discorrer sobre o assunto. Eis os destaques:

1. Platão (427–347 a.C.) - em diálogos como o Timeu[21], Platão explora a Eternidade na relação com o mundo das ideias. Para ele, a Eternidade é a existência perfeita e imutável do mundo inteligível, em oposição ao mundo sensível, que é transitório e imperfeito.

2. Aristóteles (384–322 a.C.) - discute a Eternidade no contexto do motor imóvel, uma causa primeira que é eterna, imutável e responsável pelo movimento do universo. Sua visão é mais prática e metafísica, vinculada à natureza e à lógica e, particularmente, é de onde extraí o conceito final do argumento deste artigo.

3. Agostinho de Hipona (354–430 d.C.) - mais conhecido como Santo Agostinho, seu pensamento de aprofunda na ideia de Eternidade segundo o cristianismo, especialmente em Confissões[22] e A Cidade de Deus[23]. Ele diferencia o tempo (criação) da eternidade (atributo exclusivo de Deus), enfatizando que Deus existe fora do tempo e é o criador de tudo que é temporal.

4. Baruch Spinoza (1632–1677) - apresenta uma visão racionalista e panteísta. Para ele, a eternidade é a compreensão da existência como parte de Deus ou da Substância. Em sua obra intitulada Ética[24], ele afirma que, ao nos identificarmos com a ordem eterna da natureza, transcendemos o medo da morte, e uma vez vencida a morte, nos tornamos eternos.

5. Immanuel Kant (1724–1804) - aborda a Eternidade indiretamente, sobretudo em relação ao tempo e à metafísica. Ele considera que o tempo é uma forma de percepção humana, sugerindo que a Eternidade pode estar além da nossa capacidade de entendimento. Para Kant, a incapacidade de entender limita a discussão sobre o tema.

6. Martin Heidegger (1889–1976) - em sua obra Ser e Tempo[25] ele explora a relação entre a existência humana e o tempo. Ele não trata da Eternidade como algo separado do tempo, mas propõe que a autenticidade está em compreender a temporalidade como parte do ser.


Assim, pelo olhar da filosofia, para compreender a Eternidade seria necessário observar o homem, sua interação com o tempo, sua percepção espacial, a aceitação da morte como processo natural e parte da existência.


Filosoficamente falando, o homem projeta na Eternidade sua própria compreensão, uma mente finita exercendo a criatividade para descrever ou definir algo além da nossa esfera de entendimento. Kant pensou tanto que desistiu e disse que essa é tarefa impossível, uma perda de tempo. Mas penso que ele só chegou a essa conclusão porque tinha outros assuntos mais importantes onde colocar a força de seu intelecto. Como ele já teorizou sobre uma porção de coisas, a mim restou usar meu tempo livre para opinar sobre o assunto que ele achava chatíssimo. Obviamente que jamais chegarei ao ponto de escrever algo comparável à introdução à Metafísica dos Costumes[26], mas considero importante o exercício que estamos tentando fazer até o momento.

A Moda da Eternidade

Assim, eu gostaria de introduzir mais um elemento nessa salada de pensamentos. Me acompanhe neste raciocínio. Vamos comparar a Eternidade com a Moda, pois acho que com essa analogia teremos a forma mais simplificada de entender a Eternidade.

Bem, o que é a Moda? Para simplificar, não vou levantar teóricos para defini-la, vamos apenas meditar nessa linha de raciocínio: Costuma-se relacionar a Moda à Paris, mas Paris não é a Moda. Uma saia está na Moda, mas ainda assim não é a Moda. Uma saia pode sair da Moda sem necessariamente alterar nada na Moda. Há pessoas que ditam a Moda, mas mesmo elas não são a Moda. Assim, podemos resumir a Moda como um conceito, que engloba múltiplas atividades, lugares e situações (transitórias ou permanentes) que se somam para edificar o conceito de Moda, ao mesmo tempo que agem de forma completamente independente e dispensável à Moda.

Ora, não vejo analogia melhor para exemplificar a Eternidade do que essa comparação. Vamos reescrever o texto acima, agora enxergando mais de perto: Costuma-se relacionar a Eternidade a um Paraíso, mas este “mundo vindouro” não é a totalidade da Eternidade. Uma alma pode ser eterna, mas ainda assim não é a Eternidade. Segundo alguns princípios religiosos, uma alma pode sair da Eternidade ao ser destruída, sem necessariamente alterar nada na Eternidade, já que os elementos que compunham aquela alma, ainda estariam disponíveis para serem reagrupados em uma nova configuração. Há pessoas que ditam a Eternidade, como o Deus hebreu, mas mesmo as divindades não são a Eternidade. Assim, podemos resumir a Eternidade como um conceito, que engloba múltiplas atividades, lugares e situações (transitórias ou permanentes) que se somam para edificar o conceito de Eternidade, ao mesmo tempo que agem de forma completamente independente e dispensável à Eternidade.

Entendeu? Caso não, aqui vai um resumo ainda melhor: a Eternidade é um conceito, e como tal, ela não está presa à uma realidade tridimensional limitada por tempo e espaço e nem pode ser explicada sob essa ótica.

É nesse ponto que Aristóteles e eu concordamos. Como conceito, não se pode estabelecer limites para a Eternidade, logo, ela não começou em um ponto e não terminará em outro, pois essa métrica não cabe dentro do conceito.


Há aqueles que ilustram a Eternidade como um anel, um círculo fechado, uma visão que concorda com a filosofia hindu. Nessa lógica, a Eternidade se retroalimenta. Mas há um sério defeito nesse pensamento. Entendendo a Eternidade como um conceito existe em si, sem limitações, qual o diâmetro deste anel? Perceba que para ser cíclico, automaticamente impomos à Eternidade um limite (aquele do anel). Pois bem, em um anel se eu fosse para a direita toda a vida, em algum momento chegaria ao meu ponto de partida. Se eu for para a esquerda, igualmente. Mas e se eu for para cima? No conceito de Eternidade, espaço não tem espaço (perdão pelo trocadilho).

Caso tenha ficado claro que Eternidade seria com conceito que extrapola tempo, espaço e limitação vamos em frente, mas se isso ainda está confuso, sugiro reler os parágrafos acima.

Uma vez que conseguimos compreender o conceito, vamos a alguns problemas que isso gera. Primeiro, como resolver o problema da religião?

Ou Deus é, ou não é

Rapidamente, vamos fazer mais um exercício. Como é um simples exercício mental, por favor, não se ofenda se esse argumento te levar a contradizer sua crença religiosa. Vamos analisar três cenários:

1.    Deus é real e é o criador da Eternidade
Caso Deus, Allah ou qualquer ser superior que se acredite seja o real criador do conceito Eternidade, então ela é o que já exploramos anteriormente, uma recompensa pensada para acomodar aqueles que se provaram fiéis, logo, seu propósito é dar morada às criaturas de Deus (ou seu equivalente) que evoluíram. Deus molda a Eternidade para atender seus interesses que pressupõe-se elevados.

2.    Deus não é o criador da Eternidade, mas parte dela


Sendo Deus mais um elemento dentro da Eternidade, aí a coisa muda um pouco de figura. A Eternidade seria maior (embora “maior” seja um conceito espacial e em meu argumento a Eternidade não se pode medir espacialmente, aqui só trago esse ponto para ajudar a entender o exemplo) do que Deus ou qualquer coisa existente nela. Deus mantém todo seu poder, autoridade, onipresença etc., mas ainda assim ele só está utilizando os elementos que existem no campo (mais uma referência espacial, mas você já entendeu o porque) da Eternidade para executar o plano de elevação espiritual de suas criações. Nesse aspecto, o Deus dos hebreus divide o mesmo "habitat” de outros seres, mas cada um administra seus próprios negócios, não havendo interferências. Isso garantiria a realidade de múltiplos deuses coexistindo com outras formas de inteligência e faria até sentido para quem quisesse explicar como os deuses do Olimpo, romanos, hindus e as entidades celtas ou da umbanda poderiam coexistir influenciando a vida na Terra.

3.    Deus não existe

Por mais difícil que seja para um cristão fazer esse exercício, se imaginarmos a inexistência de Deus, curiosamente, o conceito de Eternidade não muda, ou seja, ela continua sendo um ambiente que abriga tudo, em todo lugar e ao mesmo tempo (quem pegou essa referência, pegou). Colocando mais tempero nesse argumento, imagine a teoria do Big Bang, onde o universo e tudo o que existe estava espremido em um ponto singular de extrema pressão até que houve um colapso e os elementos se espalharam para todos os lados, aleatoriamente gerando condições para o desenvolvimento da vida. Nesse caso, a Eternidade já era o que é antes dos elementos estarem centrados no ponto pré-Big Bang, logo, fica claro compreender que Eternidade como um conceito é muito mais amplo que a romantização religiosa procura apresentar, uma vez que não há limites para descrever Eternidade, sendo ela o que realmente é: um conceito sem limite de tempo, espaço ou força religiosa.


Se você conseguiu chegar até aqui e ainda tem interesse em seguir, parabéns. Estou acabando. Quero somente definir então qual seria o propósito da Eternidade, seja ela uma criação de Deus, superior a Deus ou o próprio Deus, mas num aspecto mais amplo.

O propósito da Eternidade

Sem rodeios, o propósito da Eternidade é a sua própria expansão. Agora vem o desafio de explicar isso. Vamos lá.
Quando me refiro à expansão em hipótese alguma estou me referindo a alargamento de fronteiras, crescimento material. Pense em expansão em um sentido mais amplo. Em preparação para escrever esse artigo, perguntei para alguns amigos, qual seria o propósito da Eternidade. Analisar as respostas ajuda a chegar a definição de expansão a que me refiro.


Um dos meus amigos[27] disse o seguinte:

Para mim, a Eternidade serve para evolução contínua. Há muitas coisas que uma pessoa precisa aprender para se tornar um deus e, depois disso, ela ainda tem muito o que expandir em termos de criação e da orientação de seus filhos. Eu imagino que as coisas que aconteceram no Plano de Salvação até agora não são parte de um passo a passo, mas sim um "template" onde coisas podem acontecer que vão requerer planos e ações diferentes. Uma vez que um deus alcançou a perfeição (que, na minha opinião, se refere ao estado de retidão e de pureza, que em si concede poder e glória), eu não acredito que seu potencial em questão de "planejamento de salvação" (por assim dizer) está completo, mas sim numa evolução permanente. Para isso serve a Eternidade”.

Respeitando muito a opinião deste meu amigo, sua definição de Eternidade é uma prova de que a religião limita a compreensão sobre a Eternidade em uma esfera de propósito que esteja à serviço dos interesses de Deus. Mas como vimos anteriormente, Eternidade como conceito não precisa estar limitada a uma visão romântica religiosa. Porém, meu amigo traz um ponto: evolução permanente.


Será que Deus evolui mesmo sendo perfeito em todos os sentidos? Ora, não precisa ser um gênio para compreender que sim. Um simples argumento comprova isso: Há eras, Deus era pai de filhos espirituais. Hoje ele é pai de filhos mortais. Em mais algum tempo ele será pai de filhos ressurretos e imortais. Houve evolução no status de Deus? Certamente a evolução de suas criações o fazem automaticamente evoluir também, embora em um conceito mais singelo, mas mesmo assim, eis uma evolução, então sim, Deus pode evoluir.

Mas voltando ao assunto, meu amigo conecta evolução permanente como algo inerente à Eternidade. E temos aí um ponto e já voltaremos a ele, vamos analisar outro exemplo.

Um segundo amigo[28] disse o seguinte:


Entender conceitos que não tem fim num mundo que tem fim é bem desafiador (olha o pensamento kantiano aí novamente). Entendo a eternidade a partir daquele exemplo do anel, onde não há fim nem começo. Porém alguém fez o anel. Acredito em ciclos de Eternidade. Aquela escritura[29] que fala que Deus poderia deixar de ser Deus me ajuda a entender que de alguma forma algo eterno pode deixar de ser. Ao mesmo tempo que algo que não é eterno pode passar a ser e entrar num ciclo de eternidade. Outra escritura[30] que me faz pensar no propósito é Enos 1:23 - onde fala sobre a “duração da eternidade” - como algo para manter alguém no temor do Senhor… pois enquanto essa vida termina com a morte, a eternidade não termina. Qual seria o propósito então? Entender que existem coisas no universo que tem fim e outras que não tem fim”.

Novamente, a religião nos dá uma explicação sobre a Eternidade ao mesmo tempo que limita nossa exploração mental sobre seu potencial complexo. Esse amigo traz pontos importantes: dentro da sopa existencial formada por matéria física, espiritual e metafísica, que compõem a Eternidade, há elementos que são criados e desfeitos, outros são organizados e se mantém assim. Mas veja que isso só mostra que o que existe dentro da Eternidade pode passar por transformações, embora em nada afete a Eternidade em si.

As palavras deste meu amigo me fazem lembrar de Ivan Karamázov, o erudito filho do meio da família Karamázov, um personagem criado por Dostoiévski. No livro Irmãos Karamázov, Ivan levanta um questionamento filosófico sobre a bondade humana estar intimamente relacionada ao exercício da fé. Se uma pessoa não crê em Deus, ela se vê livre da necessidade de ser honrada, pois se Deus não existe, não há castigo para desonestos, devassos e o pecador em geral. Para Ivan, faria sentido a Eternidade servir para manter alguém “no temor do Senhor". Mas como ficam os que não creem neste Senhor? Automaticamente são excluídos da Eternidade?

Dessa forma, creio que precisarei apelar novamente para a Moda para apresentar minha conclusão sobre como o propósito da Eternidade seja sua própria expansão.


Acompanhe comigo: a Moda é bela, conceitual, é uma indústria que emprega milhões de pessoas, que movimenta bilhões de dólares em todo o mundo. A moda é onipresente, pois está nas cores dos colares havaianos, na pintura dos corpos aborígenes, nas telas expostas no Louvre ou no design da estante da sua sala. Ao mesmo tempo, a moda está nos barracos de trabalho escravo em Bangladesh, na montanha de lixo de roupas no Deserto do Atacama, no microplástico presentes nos oceanos.

Ora, a Moda planejou tudo isso? Obviamente que não, mas o simples fato dela existir, as possibilidades que a orbitam se tornam infinitas. A Moda tem responsabilidade por tudo o que ocorre nesta cadeia de eventos? Igualmente não. Mas o fato da Moda existir, cria-se a possibilidade de belos desfiles nas Fashions Weeks de Nova Iorque à Madri, ao mesmo tempo em que se possibilita o emprego de mão de obra infantil em um país de terceiro mundo para alimentar a indústria que vive de moda. Uma nova cor é criada, um recorte em uma folha de papel vira tendência e assim por diante. São infinitos eventos que se desencadeiam somente por existir um conceito de Moda.

Comparativamente, o simples fato da Eternidade existir, eventos infinitos são possibilitados, sejam eles positivos, belos, negativos, asquerosos. A existência de um Deus capaz de planejar um Plano de Salvação só seria possível em um ambiente resultado da existência da Eternidade, embora essa mesma Eternidade não determine ou julgue quem será digno de permanecer nela após um sopro de vida terrena. Por outro lado, a infinitude de eventos que se relacionam com a Eternidade, tornam-na sumamente importante, até para os que nada tem a ver com isso.

Ilustrando melhor, pense em você mesmo. Qual a sua importância para a Eternidade? Educamente podemos responder que é nula. Mas qual a importância da Eternidade para você? Aí as coisas mudam de figura, sendo ela alçada a um grau elevado de importância caso exista um rastro de crença em seu intelecto. Dessa forma, ao possibilitar com que você desenvolva um progresso físico, espiritual ou metafísico, a Eternidade se beneficia. Se colocarmos isso em uma escala, quanto mais interações existirem nesta malha conceitual, maior ela se torna e mais dependente dela se tornam todos os que com ela interagem. Novamente, não maior em tamanho ou dimensão, mas em conceito.

Compreendendo a Eternidade como uma entidade indefinida, que cresce conforme os eventos em seu meio se desenvolvem em diferentes escalas, conseguimos compreender perfeitamente que a manutenção de tudo, seja o plano de Deus ou de vários, seja a origem ou destruição de universos, seja a interação interdimensional, tudo leva à expansão da Eternidade em importância e a dependência que tudo o que nela existe tem de que essa expansão continue indefinidamente, porque só assim há a garantia de que o exercício da fé resulte naquilo que deu origem à própria fé, o desenho do Plano de Deus.
Compreendo então que a Eternidade e seu propósito expansionista seja ao mesmo tempo uma prova de que Deus não precisa existir, quanto a confirmação de que tudo o que Ele disse, está garantido de que se cumprirá, já que sem a Eternidade, não seria possível cumprir todas  as suas promessas e, se isso acontecesse, “Deus deixaria de ser Deus”, porque Deus não pode mentir, não é mesmo?

Conclusão

Retornando ao início, ao conto de Borges, a história do nosso legionário romano Marco Flamínio Rufo permanece atemporal em sua capacidade de explorar os dilemas fundamentais da condição humana. "O Imortal" não é apenas uma história sobre a imortalidade; é uma meditação sobre o tempo, o significado e os limites da experiência humana. Enquanto sonhamos com a Eternidade, Borges nos desafia a lembrar que é a finitude que torna a vida preciosa.
Em um dado momento, Argos diz a Rufo: “Eu fui Homero; em breve serei Ninguém, como Ulisses; em breve, serei todos: estarei morto”.

Parafraseando Borges, a vida mortal é como um sonho, podendo se encerrar a qualquer momento por qualquer eventualidade. Isso torna a vida na Terra tão valiosa (tudo entre os mortais tem o calor do irrecuperável).
 
Viver eternamente sem propósito não será um paraíso. É preciso compreender o propósito da Eternidade para que o enfado não se aposse de um ser imortal a ponto de fazê-lo desejar unicamente a morte. Se o seu propósito eterno for a expansão, tal qual o propósito da Eternidade o é, então você poderá encontrar um período infinito de tempo para desenvolver uma cadeia de eventos que possibilitarão a experiência e a vivência na Eternidade algo realmente satisfatório.

Se você está curioso em saber como termina o conto, saiba que Rufo raciocina que se existe um rio que dá a imortalidade, deve existir outro que a retire. Ele passa alguns séculos procurando por esse rio. Depois de tomar das águas de um deles e se arranhar em um galho, ele percebe que seu corpo voltou a ser mortal. Vou deixar vocês descobrirem o finalzinho dessa história por si mesmos. Vocês terão a Eternidade para isso.
 

*Thiago Qurino é jornalista, casado, pai de dois filhos, mora no Brasil e é membro fiel de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Em suas horas vagas ele gosta de ler e exercitar a escrita filosófica.

[1] BORGES, Jorge Luis. O imortal. O Aleph. 11. ed. São Paulo: Globo, 2008. p. 7-23. (acessado em 19 de janeiro de 2025 - http://angg.twu.net/SCANS/borges__o_imortal.pdf)
[2] Deuteronômio 33:27
[3] Eclesiastes 12:7 - “E o pó voltar à terra, como o era, e o espírito voltar a Deus, que o deu”.
[4] Ou o mundo vindouro
[5] Tratado Sanhedrin 90a
[6] Ou os mandamentos
[7] Acessado em 19 de janeiro de 2025 (https://www.churchofjesuschrist.org/study/scriptures/gs?lang=por)
[8] Acessado em 19 de janeiro de 2025 (https://www.churchofjesuschrist.org/study/scriptures/gs/eternal-life?lang=por)
[9] Acessado em 19 de janeiro de 2025 (https://www.churchofjesuschrist.org/study/scriptures/gs/exaltation?lang=por)
 
[10] Bhagavad Gita, capítulo 2, versos 20-22
[11] Katha Upanishad 2.18-20
[12] Mundaka Upanishad 3.2.9
[13] Chandogya Upanishad 6.2.1
[14] Vishnu Purana, capítulo 1.3 e Bhagavata Purana 3.11
[15] Alcorão 3:185
[16] Alcorão 39:68-70
[17] Alcorão 18:107-108
[18] Alcorão 4:56
[19] Alcorão 112:1-4 (Surah Al-Ikhlas)
[20] Alcorão 50:34-35
[21] Acessado em 20 de janeiro de 2025 (https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/363788/mod_resource/content/0/Plat%C3%A3o_Timeu-%20Completo.pdf)
 
[22] Acessado em 20 de janeiro de 2025 (https://docs.google.com/file/d/0ByMRQ3bAxEvTOXV0NDVITjhiZ0U/edit?resourcekey=0-8pBlZVYT9eeQvpol1wY5AQ)
 
[23] Vol. I, acessado em 20 de janeiro de 2025 (https://frutodagraca.wordpress.com/wp-content/uploads/2020/03/cidadededeus-santoagostinho.pdf)
Vol. II, acessado em 20 de janeiro de 2025 (https://philosophiaediscipulus.wordpress.com/wp-content/uploads/2016/05/sto-agostinho-cidade-de-deus-vol2.pdf)
 
[24] Acessado em 20 de janeiro de 2025 (https://www.academia.edu/106487869/%C3%89tica_Baruch_Spinoza)

[25] Parte I, acessado em 20 de janeiro de 2025 (https://bibliotecaonlinedahisfj.wordpress.com/wp-content/uploads/2015/02/heidegger-martin-ser-e-tempo-parte-i.pdf)
Parte II, acessado em 20 de janeiro de 2025 (https://marcosfabionuva.com/wp-content/uploads/2011/08/ser-e-tempo-parte-ii.pdf)
 
 
[26] Acessado em 21 de janeiro de 2025 (https://archive.org/details/KANTI.AMetafisicaDosCostumes/mode/2up)
 
[27] Paulo Ariente
[28] Ricardo Mendonça
[29] Alma 42:25
[30] Ambas as citações de escritura citadas nesse parágrafo são referência ao Livro de Mórmon, um livro de escrituras sagradas base da crença de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias



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