Os Ensinamentos de Joseph Smith e os Universos Paralelos - Ciência | Intérprete Nefita

Os Ensinamentos de Joseph Smith e os Universos Paralelos

Os ensinamentos do profeta Joseph Smith em abril de 1844 (e que ficariam conhecidos como o sermão de “King Follett”) podem conter em suas entrelinhas, uma verdade desconcertante: nossa existência é somente uma de uma infinidade de outras ocorrendo paralelamente.


Por Lukas Montenegro 26 de Dezembro de 2018
Os Ensinamentos de Joseph Smith e os Universos Paralelos

Nos últimos quatrocentos anos, a pesquisa científica expandiu os horizontes do homem. A terra deixou de ser o centro do universo, o sol tornou-se uma das bilhões de estrelas de nossa galáxia e nossa galáxia, uma das bilhões de galáxias do universo observável. A palavra “universo” traz a ideia de “tudo”. Mas e se fosse possível existir mais de um “tudo”? E se nosso universo fosse um de muitos universos paralelos, em algo chamado de Multiverso? Curiosamente, as sementes dessa ideia vem dos ensinamentos mais profundos do profeta Joseph Smith, a respeito de nosso potencial divino. Ensinamentos que ele só revelaria pouco antes de sua morte.

Desde os primórdios da Igreja Restaurada, tornou-se claro que o destino final do homem não era tão simples quanto o céu ou o inferno. Revelações ao profeta Joseph Smith datadas de 1832[1] já revelavam uma complexa organização pós-mortal. Ensinamentos mais detalhados a esse respeito, contudo, só foram mais claramente abordados em abril de 1844. Em uma conferência geral da igreja, o profeta decidiu oferecer um tributo especial a seu amigo King Follett, que havia falecido recentemente. Esse discurso, que ficara conhecido como “o sermão de King Follett”, explorou a expressão máxima do significado de vida eterna. É nesse sermão que a ideia de universos paralelos está escondida.

 

O Sermão de King Follett

Dois trechos em especial do sermão de King Follett precisam ser considerados cuidadosamente para que a ideia de universos paralelos possa ser apresentada. Desses trechos, dois princípios em especial serão destacados. Por motivos de conveniência, as citações serão apresentadas na ordem contrária da que aparecem no sermão, sem alterar o sentido geral do texto:

“Esta é, portanto, a vida eterna: Conhecer o único Deus sábio e verdadeiro; e vocês terão que aprender como se tornar deuses, vocês mesmos, e serem reis e sacerdotes (…) passando de um pequeno degrau para outro, de uma capacidade menor para outra maior; de graça em graça, de exaltação em exaltação(...)”. [2]

Esse ensinamento diverge da visão cristã de qualquer denominação no mundo. Muitas vezes chamada de “apoteose”, o termo é melhor conhecido pelos Santos dos últimos dias como “exaltação”[3]: capacidade que o homem tem de se tornar como Deus. Isso também significa fazer o que Ele faz. Significa criar mundos, vida e oferecer meios para a salvação de outros tantos.

 “Meu principal objetivo é descobrir o caráter do único Deus, sábio e verdadeiro e que tipo de ser Ele é. (…) O próprio Deus foi como somos agora, e é um homem exaltado e está entronizado nos céus! Esse é o grande segredo.

Em algumas linhas, o profeta ensinou a arrebatadora verdade de que Deus é nada mais do que um homem que alcançou sua exaltação. Assim, Ele teria que ter passado pelas mesmas tribulações e perseverado para chegar em Sua distinta posição. Esse ensinamento é corroborado por palavras do próprio Salvador[4]. Disso, é possível inferir que outros também chegaram a esta glória, quando Deus lá chegou.

 

A Ideia de Universos Paralelos

Os leitores mais atentos já terão percebido a consequência natural dos dois princípios em destaque. Se a obra e glória de Deus é a vida eterna do homem[5], e outros se tornaram deuses com nosso Pai Celestial, significa que estes também criaram seu próprio cosmos, cuja existência está ocorrendo em paralelo a nossa. Em adição a isso, também é verdade que tantos quanto forem exaltados no final do nosso plano de Salvação, tantos terão que criar seus próprios universos para criar e reinar.

 O Multiverso – a ideia de que existem incontáveis universos paralelos ao mesmo tempo – torna-se inevitável na perspectiva dada por Joseph Smith. Considere que haja uma infinita quantidade desses universos paralelos[6]. Considere também que o número de possibilidades para cada um deles, apesar de imenso, seja finito. Assim, haverá universos com características e até pessoas muito parecidas com o nosso universo, vivendo vidas muito parecidas. Em outros, as diferenças podem ser marcantes.  

 

Há alguma evidência científica para o Multiverso?

A ideia de multiverso na ciência começou a nascer no final dos anos setenta. Ela vem do trabalho do físico americano Allan Guth, que propôs um mecanismo para explicar a rápida expansão do nosso universo. Assim como um balão que cresce rapidamente quando inflado, assim também o mecanismo de Guth conhecido como inflação, teria sido tão potente a ponto de expandir algo do tamanho de uma molécula para aproximadamente o tamanho do universo atual, em uma pequena fração de segundo[7]. Quando o universo atingisse esse tamanho, a inflação cessaria e ele passaria a expandir lentamente como observamos atualmente.

Após a publicação do trabalho do Dr. Guth, o físico russo Alexander Vilenkin (em 1983), mostrou que esse mecanismo de inflação deveria sofrer os chamados “efeitos quânticos”. Esses efeitos fariam com que certas partes do espaço continuassem a inflar, mesmo quando o universo chegasse ao tamanho em que a inflação em geral, teria acabado[8]. A ideia é mais ou menos como um balão inflando, com pequenas protuberâncias que, mesmo depois que o balão parasse de encher, continuariam inflando. Essas protuberâncias seriam os novos universos se originando.

Considerando que a aplicação dos efeitos quânticos a qualquer mecanismo seja um fato provado da física, o multiverso torna-se verdade, tão logo a inflação seja verdade. Apesar de um número de experimentos ter confirmado as predições da inflação, um teste decisivo ainda está em progresso no polo sul da terra[9]. Assim sendo, há uma forte possibilidade positiva na ciência quando o assunto é universos paralelos.

 

Conclusão

Os ensinamentos do profeta Joseph Smith, em especial aqueles proferidos no sermão de “King Follett”, levam a ideia de um multiverso – uma infinidade de universos paralelos existindo simultaneamente. Apesar de não apresentar uma posição oficial da igreja, essa proposta parece sólida no ponto de vista doutrinário. Além disso, parece ser  apoiada por evidências científicas que estão sendo agora exploradas.

Aos que forem obedientes ao novo e eterno convênio do casamento, o Senhor prometeu:

“Surgireis na primeira ressurreição; e, se for depois da primeira ressurreição, na próxima ressurreição; e herdareis tronos, reinos, principados e poderes, domínios, todas as alturas e profundidades(...)” (D&C 132:19).

A ideia de universos paralelos aumenta a compreensão, assombro e respeito pela multidão de recompensas que aguardam os fieis. Mundos sem fim, de fato. E o que é mais belo, é que essas bênçãos grandiosas estão ao alcance de qualquer um, independentemente de sua origem, cultura ou condição social. É um dom de Deus, concedido a todos os que sinceramente se esforçarem para cumprir os mandamentos, e confiarem na expiação do Salvador Jesus Cristo.

 

 

Referências

 

1. Muitos desses ensinamentos foram registrados nas seções 76 e 88 de Doutrina e Convênios;

 

2. SMITH, J., “The King Follett Sermon”, Abril de 1844, disponível em: https://www.lds.org/ensign/1971/04/the-king-follett-sermon?lang=eng, último acesso em 26 de Dezembro de 2018.

 

3. “Exaltação”: Guia para Estudo das Escrituras (GEE);

 

4. João 5:19;

 

5. Moisés 1:39;

 

6. W. W. Phelps escreveu na primeira estrofe de seu hino “If you Could hie do Kolob”: “Achas que poderia jamais, entre toda a eternidade, encontrar as gerações onde os Deuses começaram”? Corroboro com a ideia de Phelps de que deuses e seus universos devem ter existido por toda a eterna extensão do passado, e assim um infinito número desses universos deve existir.

 

7.  A inflação é um engenhoso mecanismo que mostra que, nas condições do universo primitivo, a gravidade poderia ter agido de maneira oposta, afastando em vez de unindo os objetos. Essa massiva força repelente seria a causadora da inflação.

 

8. GUTH, A., “Eternal Inflation and its Implications”, 2007, publicado na referência: arXiv:hep-th/0702178.

 

9. Mais informações sobre esse experimento podem ser encontradas com uma simples pesquisa na internet sobre o tema: “BICEP and Keck Array”.

 

 

 

 



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