A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias publicou hoje (4 de Abril de 2019) uma declaração que remove a restrição aplicada há cerca de 3 anos para o batismo de crianças de pais homossexuais.[1]
O que a restrição de 2015 estabelecia?
Em resumo, a diretriz aplicada em 2015 instituía:[2]
* Restrição a crianças e menores de idade filhos de casais homossexuais de serem batizados antes de completarem 18 anos e não mais cohabitarem com pais que vivem ou viveram em um relacionamento homossexual.
* Classificava casamento homossexual como um ato de apostasia e que resultaria em ação disciplinar.
* Restringia que recém-nascidos fossem abençoados e nomeados na Igreja.
Elder Christofferson, defendeu na ocasião o modelo familiar do casamento heterossexual e fortaleceu o posicionamento da Igreja em relação ao casamento homossexual, que continua a ser considerado um sério pecado na Igreja, apesar de ser legal em muitos lugares do mundo.
Qual foi a justificativa da Igreja na época para instituir a restrição?
Em suma, a Igreja justificou na época que permitir o batismo de crianças que vivem com pais homossexuais abriria espaço para um conflito entre o que a criança aprende na Igreja e o que aprende em casa. O conflito consistiria no fato da criança ser ensinada no contexto religioso que agir sob o impulso homossexual é um grave pecado,ao passo que em casa é ensinada que a ação é normal e espiritualmente aceitável aos olhos de Deus. A Igreja viu nisso o potencial para um tipo de conflito com o potencial de destruir a família, ao invés de uní-la.
Elder Cristófferson na ocasião declarou:
"[a diretriz] se origina de um desejo de proteger crianças em sua inocência e anos anteriores à maioridade... Não queremos que a criança tenha que lidar com os problemas que podem aparecer quando os pais sentem-se de uma forma e as expectativas da Igreja são diferentes."[1]
O que mudou com o novo anúncio da Igreja?
Com o anúncio de hoje, a restrição aplicada em 2015 foi praticamente inteiramente revogada. O site oficial da Igreja "The Church News" afirmou:[1]
* "Crianças de pais que se identificam como lésbicas, gays, bissexuais ou transgêneros podem agora ser abençoadas como recém nascidas e batizadas na Igreja sem a necessidade de aprovação da Primeira Presidência."
* "Adicionalmente, a Igreja não mais caracterizará casamento homossexual como um ato de "apostasia", como definido em 2015." (Embora ainda seja considerado pela Igreja um pecado grave)
* "Que a mudança não constitui uma mudança de doutrina relacionada a castidade ou moralidade. A doutrina do Plano de Salvação e importância da castidade não irá mudar. Ao invés disso, a mudança representa a revelação contínua que tem sido parte da Igreja moderna desde a restauração."
Ainda no mesmo pronunciamento a Primeira Presidência declarou:
"Essas mudanças de diretrizes vem após um período extenso de aconselhamento com nossos irmãos do Quórum dos Doze Apóstolos, após oração fervorosa para entender a vontade do Senhor... Queremos reduzir o ódio e contenda que é tão comum hoje em dia. "[1]
O pronunciamento reacende o debate iniciado em 2015 e consequentemente gera uma questão inevitável: Por que a restrição foi instituída 3 anos atrás para ser hoje removida integralmente? Sustentar logicamente a aplicação e remoção da restrição se torna uma tarefa impossível, pois quaisquer motivos promovidos hoje para remover resultaria no fortalecimento da questão sobre o porquê a restrição foi, a princípio de tudo, iniciada. Esse é o o tipo de cenário que fortalece o discurso normalmente presente fora da Igreja de que ela em alguns casos responde sob pressão.
Como membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, fico feliz com a remoção da restrição, e consigo hoje enxergar o assunto com uma única perspectiva... Ao meu ver, a Igreja errou ao estabelecer a restrição e acertou ao removê-la. Errou com justificativas polêmicas mas de certa forma compreensíveis, pois é possível que o conflito previsto em 2015 realmente aconteça em alguns casos, mas improvável que seja a regra a todos os outros.
O então Apóstolo Elder Russel M. Nelson, em um devocional pouco depois da restrição ser estabelecida, indicou em seu discurso que a restrição havia, de fato, sido fruto de inspiração divina, o qual teria recebido o Quórum dos Doze confirmação. [3] Sobre o pronunciamento de hoje, a Igreja novamente declarou que "as mudanças [atuais] refletem a revelação contínua que tem sido parte da Igreja moderna desde a restauração."[1] Tais elementos obscurecem as razões pelo qual a diretriz foi iniciada para em menos de quatro anos ser revogada. Em outras palavras, se a restrição foi iniciada com o objetivo de proteger as crianças dos possíveis conflitos que o ensino da Igreja causaria em seu lar, por que a restrição seria removida? Se a restrição foi removida por misericórida as crianças, que não tem culpa pelas ações de seus pais, por que então a restrição seria iniciada? Parece uma incógnita.
De qualquer forma, recebo a mudança com surpresa, mas felicidade.
Qual é a sua opinião? Deixe seu comentário!
Referências:
[1] https://www.thechurchnews.com/leaders-and-ministry/2019-04-04/church-to-allow-baby-blessings-baptisms-of-children-of-lgbt-parents-no-longer-defines-same-gender-marriage-by-a-member-as-apostasy-49392
[2] https://www.lds.org/church/news/elder-christofferson-says-handbook-changes-regarding-same-sex-marriages-help-protect-children?lang=eng
[3] Como tornar-se a verdadeira geração do milênio. Elder Russell M. Nelson. Janeiro de 2016. 00:45:00-00:47:00
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